quarta-feira, 24 de julho de 2013

Carlos Calvet em Colóquio

nº 17* de Abril de1974
20 ladras
 " Não se pode falsear o invisível. Este não se vê." António Maria Lisboa
Dar nome ao que não se pode falsear, é encontrar um modo rigoroso, mas um rigor que não é previsto pela lógica. Um lógico pode e deve afirmar que o que não pode ser dito deve ser calado. A teimosia do artista é dizer o indizível, a função da arte é mostrar e não demonstrar.
Os pintores metafísicos, através de jogos muito hábeis de alteração do espaço cénico tradicional, ou das associações inabituais das imagens, provocam no espectador uma surda e fecunda inquietação como se um silêncio "vibrasse" na expectativa de um grito ou do brusco ruído de alguma máquina desconhecida. Tudo é simultaneamente estranho e íntimo, e deveria sem dúvida haver um nome para isso. O próprio vazio, como o escuro, o iniluminado, o negrume...
Para Duchamp, o acto altamente humorístico de dar nome constitui a criação por excelência.

in Carlos Calvet ou a antinarração por Rui Mário Gonçalves

Capa: Gouache de Carlos Calvet, 1973

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